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19 de abril de 2024

Diocese realiza visita solidária e missionária a Brumadinho

13/02/2019 . Cáritas

“As alegrias e as esperanças, as tristezas e as angústias dos homens de hoje sobretudo dos pobres e de todos os que sofrem, são também as alegrias e as esperanças, as tristezas e as angústias dos discípulos de Cristo… Não se encontra nada de verdadeiramente humano que não lhe ressoe no coração… Portanto, a comunidade cristã se sente verdadeiramente solidária com o gênero humano e sua história” (GS § 1).

A Diocese de Itabira – Coronel Fabriciano solidária a dor e sofrimento do povo de Brumadinho (MG), se sentiu impelida a ir levar seu apoio e presença junto a este povo que embora dilacerado pela dor, mantém viva a fé, a esperança e a convicção de que devem se unir, se fortalecer para fazer acontecer a Justiça.

Convocados por Dom Marco Aurélio Gubiotti, Bispo Diocesano e referência das Pastorais Sociais na CNBB, representantes das 3 regiões pastorais da Diocese, membros da Comissão Diocesana de Meio Ambiente, Cáritas Diocesana, COMIDI (Conselho Missionário Diocesano), Pastoral da Juventude, Pastoral da Criança, o Vigário Episcopal da Região Pastoral II e assessor da Comissão de Meio Ambiente, Pe. Marco José de Almeida, Pe. José Geraldo de Mello (Coordenador Diocesano das Pastorais), Diácono Geraldo Evangelista, Diácono Ludugério Rodrigues de Almeida, Pe. Anderson Ferreira, Pe. Justino e o Secretariado Diocesano de Pastoral, realizaram no dia 12 de fevereiro de 2019, uma visita à cidade de Brumadinho. Sensibilizado, o prefeito de Santa Maria de Itabira, Reinaldo das Dores dos Santos, somou-se a comitiva se dispondo a colaborar com o drama de Brumadinho.

Com chegada às 11h, o grupo da nossa Diocese foi acolhido na Paróquia São Sebastião, pelo Pe. Renê e uma equipe estruturada a partir do rompimento da barragem, organização esta que conta com apoio irrestrito da Arquidiocese de Belo Horizonte.

Próximos à área assolada, nossa equipe pôde visualizar de perto a imensa destruição provocada pelo rompimento da barragem, onde não há dúvidas que se trata de um crime, confirmado pelo cenário, as cercas da Vale, os depoimentos do povo. Sem falar na informação que as inspeções legais e laudos eram falsificados, porque se fossem verdadeiros, nada disso teria acontecido. É oportuno recordar que na ocasião da tragédia de Mariana em 2015, que vitimou à morte de 19 pessoas, a Vale chegou a usar o slogan “Mariana Nunca Mais”, mas infelizmente o que ocorreu foi de uma proporção muito maior. A preocupação que acomete a todos, é quanto ao estado das outras barragens que a Vale administra, que somam aproximadamente 175 barragens.

Neste local de destruição, onde a lama encobriu e devastou plantações, construções e histórias de vida, encontra-se um grupo de heróis, verdadeiros anjos incansáveis a procura de corpos para dar às famílias, o direito de enterrar seus entes queridos. Na hora do almoço, Bombeiros da força Nacional se dispuseram a contar um pouco desta imensurável missão. Na oportunidade, Dom Marco Aurélio dirigiu-lhes palavras de agradecimento, incentivo e fé, e em seguida num momento de oração, todos rezaram pedindo bênçãos e forças para esses heróis, que após receber a bênção de nosso bispo diocesano, puderam retomar a vasculhar a lama em busca por corpos.

De volta a paróquia, após o almoço, todo o grupo participou da oração e bênção do Santíssimo. Neste momento, o Cardeal Dom Sérgio da Rocha reforçou a mensagem de que a Igreja está do lado das famílias de Brumadinho e que a CNBB se manterá atuante e vigilante para evitar que outras tragédias como esta se repitam: “Vocês têm dado testemunho bonito de oração, comunhão e fé”, disse o presidente da CNBB, acompanhado de Dom Walmor, Arcebispo de Belo Horizonte, e padre Renê Lopes, responsável pela Paróquia São Sebastião de Brumadinho.

Na oportunidade estava presente a família de Gustavo Andriê Xavier, sepultado na última sexta-feira, 8 de fevereiro. Emocionado, Mário Antônio Xavier, pai do jovem morto no rompimento da barragem 1 da Mina Córrego do Feijão, disse que o filho era amigo e carinhoso. Seu testemunho e de sua família deixaram claro como que a oração, a fé, a presença da Igreja e a solidariedade de todos, os tem mantido de pé.

Dom Sérgio da Rocha afirmou que a Igreja Católica está em oração por Brumadinho e recordou que também o Papa Francisco manifestou sua solidariedade às vítimas da tragédia. Tendo em vista, que Dom Sérgio se reunirá com o Santo Padre na próxima semana e entregará a ele um colete da Campanha “Juntos por Brumadinho”, usado por voluntários da Arquidiocese de Belo Horizonte e pela comunidade local.

À tarde, o grupo se subdividiu em 3 equipes que foram visitar as famílias enlutadas, a fim de levar escuta, presença e solidariedade. À família de Dayane, que Dom Marco visitou  e disse: “não fomos com pretensão de entender a dor que sentem, é imensurável, não podemos fazer mais que ser a presença samaritana e misericordiosa de Deus junto a todo sofrimento. Com tudo que vivenciamos, ouvimos, voltamos mais fortalecidos, pelo testemunho de fé, oração e unidade de famílias destroçadas pela lama, que se mantem de pé”.

Com o compromisso de estar em sintonia na oração e na luta por justiça, encerramos a visita com a Santa Missa na Igreja Nossa Senhora do Belo Ramo às 18h30, presidida por Dom Marco Aurélio e concelebrada pelo Pe. Marco José, na companhia dos Diáconos Ludugério de Almeida e Geraldo Evangelista.

Em sua homilia, Dom Marco Aurélio descreveu um pouco do sentimento de vivenciar este contexto de dor e destruição, estabelecendo uma ligação com a liturgia do dia, que nos descreve a grandeza de Deus. Com a vida, conduziu uma reflexão sobre a beleza da criação e nosso compromisso em manter a vida de modo fecundo e pleno com garantia de direitos. Ao citar o crime da Vale, Dom Marco Aurélio afirmou que “não podemos consentir que continue acontecendo”, e que é importante não nos omitir frente a esta situação.

Como cristãos temos de nos unir as autoridades civis, as entidades representativas da sociedade para que se crie um novo modelo econômico, sustentável, com uma política ambiental comprometida com a vida, que não somente vise lucro, e também uma nova legislação que garanta com máxima segurança que desastres como os citados não se repitam.

Em seguida, Pe. Marco José fez memória a Ir. Dorothy, por ocasião dos 14 anos de seu martírio. Junto a ela agora estão os falecidos da lama de Brumadinho, que também se tornam sementes de esperança na luta pela justiça e defesa da vida em todas as dimensões.

Com o coração em oração, todos puderam perceber que certamente estamos mais próximos de Deus quando nos desinstalamos e, como nos propõe Jesus Cristo, com coragem vamos ao encontro do povo sofrido e abraçamos com eles suas lutas. A presença da Igreja misericordiosa e samaritana de modo real e concreto, sem dúvidas renova nossa esperança.