A morte não é o fim da vida, mas sua plenitude, quando esta é vivida com sentido.
Queridos irmãos e irmãs, a alguns passos para o encerramento do ano litúrgico, com a festa de Cristo Rei do Universo e o início de um novo ano, a Igreja celebra no dia 01 de novembro a Solenidade de todos os santos e santas de Deus, data instituída para honrar todos os que estão coroados da glória de Deus no Céu.
A comemoração de todos os santos e santas nos recorda que recebemos no nosso Batismo a vocação universal à santidade e, principalmente nestes tempos tão áridos de fé e esperança, precisamos exercitá-la, pois intrínseca à nossa humanidade, deveríamos passar nossos dias lutando para alcançá-la: a graça de sermos santos, como Cristo, como o Pai Celeste.
A santidade começa na simplicidade, obediência, caridade e amor a Deus e ao próximo. Exige um constante combate espiritual, uma vida de oração e vivência sacramental e, acima de tudo uma entrega total nas mãos do Senhor.
No dia 02 de novembro a Igreja celebra o Dia de Finados, logo após a solenidade de todos os santos. Muito apropriada essa sequência, pois peregrinos neste mundo, caminhamos para a morada eterna e lá chegaremos pela misericórdia divina.
Na comemoração dos fieis defuntos deste ano, ocasião que nos coloca diante da vulnerabilidade da vida terrena, recordaremos dentre todos que já nos precederam na eternidade, de maneira especial, os que perderam a vida por causa da pandemia do novo coronavírus (COVID-19).
A celebração de finados é um convite à esperança, enquanto aguardamos, “até que ele venha” (1Cor 11,26), a consumação do mistério redentor em nossas vidas, através de nossa associação ao mistério da vida e morte de Cristo, nossa esperança e ressurreição.
A morte não é capaz de levar à corrupção a vida que traz consigo a esperança. Tudo que foi tocado pelo amor e ternura do Criador sempre romperá com os limites impostos pela morte. A esperança foi depositada na humanidade para que ela transborde o toque cuidadoso de seu Criador. A morte pode colocar um ponto final em tudo que tenta aniquilar a dignidade da pessoa humana mas não tem a última palavra sobre a vida de quem se deixa guiar pela esperança, pois para os que creem, a vida não é tirada, mas é transformada.
Com Santa Terezinha, devemos sempre dizer: “Não morro, entro na vida”. Esta e a fé que com a Igreja professamos: “creio na ressurreição da carne e na vida eterna” (Credo). Esta fé que professamos deve nos levar a viver a vida como um constante preparar-se para a definitiva e gloriosa vida junto a Deus, com Cristo.
Mesmo limitados devido a pandemia e, em muitos lugares impossibilitados de estarmos celebrando as missas nos cemitérios, como costumamos fazer neste dia, não deixamos de rezar em sufrágio pelos falecidos, em nossas Igrejas, como sempre fazemos a cada celebração eucarística, o que é um ato de fé e obra de misericórdia. O gesto de acender velas deve demonstrar que cremos na Luz da Vida que é Cristo Jesus e o de ornamentar os túmulos com flores refletir nossa esperança naquele que faz novas todas as coisas.
Queridos irmãos e irmãs, a pandemia nos levou a reavaliar como hoje poderemos “ser Igreja”. Uma oportunidade que não pode ser desperdiçada, para reavaliar nossa resposta às necessidades atuais, mantendo vivas nossa vida eclesial e missionaria.
Como Igreja, queremos prosperar e crescer na fidelidade ao mandato do Senhor, no sentido de contribuir na sociedade enquanto comunidade de fé com palavras de encorajamento, seriedade de atitudes, posturas solidárias e comprometidas com a verdade. Nós somos arautos da confiança e esperança em meio a situações que podem beirar a um caos.
Diante das limitações do atual cenário provocado pela pandemia do novo coronavírus foi necessário estabelecer critérios para a continuidade da nossa ação missionária e evangelizadora em nossa Diocese. Um Plano de Retomada das nossas atividades pastorais foi proposto para as nossas pastorais e movimentos, pois precisamos continuar nossa caminhada eclesial e ir em frente, nos apoiando mutuamente na oração e no serviço ao Reino, de modo que, como nos recorda a Carta aos Hebreus “sejamos firmes em proclamar a nossa esperança, certos de que Deus não deixará de cumprir as suas promessas. Olhemos uns pelos outros para estímulo à caridade e às boas obras…” (Hb 10,23-35) Vale lembrar que o plano de retomada das atividades pastorais reafirma a obrigatoriedade da observância das mesmas medidas adotadas nas missas e demais celebrações dos sacramentos estabelecidas no protocolo diocesano.
Irmãos e irmãs, busquemos enfrentar essa realidade com verdadeira fé alicerçada na caridade. Olhemos para Maria, nossa Mãe e Padroeira, a Senhora Aparecida, saúde do povo e estrela do mar tempestuoso, como nos diz o Papa Francisco, e lhe peçamos que nos ensine a dizer Sim todos os dias e estarmos disponíveis de forma concreta e generosa ao nosso Deus.
Dom Marco Aurélio Gubiotti
Bispo Diocesano de Itabira-Coronel Fabriciano
“Pela Graça de Deus” (1Cor 15,10)