Era uma noite serena, noite de tardos e taciturnos toques de Deus que, embora ávido de seus filhos, foi se encontrando com eles progressiva e lentamente qual brisa de manhã de outono. Assim foi nosso momento de adoração ocorrido às 18 horas da quinta-feira, dia 11, marcando a abertura do mês vocacional no Seminário Diocesano.
Foi tudo como um grande sonho. “Quando o senhor reconduziu nossos cativos, parecíamos sonhar” (Sl 125,1) ou melhor, parecia que nossas agitações interiores, que eram nosso cativeiro e que nos impediam de nos encontrarmos profundamente com Cristo, já esboçavam seus tortos bocejos. Então, lentamente os olhos da alma começavam a pesar e uma grande luta se travava entre as mentes, que não queriam se desligar das preocupações do dia-a-dia, e os corpos, que ansiavam por repousar no coração de Cristo, a exemplo de São João Evangelista (Jo 13,25). Esses olhos foram se cerrando como que baixando sob o peso das areias alojadas por entre as pálpebras. Então foram se fechando para as agitações e turbulências do mundo a fim de entrarem em quietude com Aquele que, escondido sob a aparência do pão, também estava escondido dentro de nossos sonhos.
Quando finalmente mergulhamos no Sonho Encarnado, em meio às nuvens infantis e singelas de algodão de nossos sonhos, o que encontramos foi um frescor que se nos apresentava. Era uma brisa boa, brisa bela, brisa suave que nos envolvia os corpos e adentrava até os mais íntimos pensamentos. Tal sopro do Espírito era tão profundo que nem mesmo as chamas das velas que ladeavam o ostensório naquela capela conseguiram resistir. Puseram-se elas a dançar para Jesus e elevar sua fumaça aos céus, tal como as orações dos que estavam presentes e que rogavam a Deus pelas vocações sacerdotais. E nesse momento, pudemos sonhar, estando acordados, com o Cristo que estava diante de nós e nos deliciarmos com sua presença. E em nossos sonhos, pudemos também dançar como as chamas das velas em meio aos devaneios de nossas mentes.
Mas eis que chega a hora do despertar. No momento em que o Senhor voltou para o sacrário, nossas almas foram voltando do desmaio. Os espíritos, que haviam voado com asas aladas a outra dimensão, agora buscam um lugar para pousar e, regressando de sua viagem, voltam à realidade para se situar onde estão. Espreguiçando-se, finalmente fomos despertados para o mundo exterior com o intuito de que nossas orações dêem frutos abundantes em nossas vocações. É verdade que esse encontro com Jesus não passou de um sonho, mas um sonho do qual não queremos mais acordar.
Confira algumas fotos deste momento: