A Diocese de Itabira-Coronel Fabriciano celebrou no último final de semana o centenário póstumo de Dom Marcos Antônio Noronha, que foi o seu primeiro bispo diocesano. No dia 20 de setembro, sexta-feira, em missa presidida por Dom Marco Aurélio Gubiotti, na Catedral Diocesana, se deu a abertura das celebrações. Após a missa foi aberta aos fiéis, no salão da Catedral, uma exposição com alguns recortes da vida de Dom Marcos Noronha, assim como alguns objetos por ele usados. No sábado, também foi celebrada na Catedral Diocesana missa em sua memória. No domingo, dia 22, a última missa foi celebrada foi presidida por Dom Marco Aurélio Gubiotti, bispo diocesano, e concelebrada pelos padres Adriano Mendes, Ueliton Neves, Gustavo Alves, Márcio Soares, José Marcelino e Eugênio Ferreira, assistida pelo diácono permanente Júlio Maria. A celebração ainda contou com a presença das religiosas, seminaristas da Diocese, muitos fiéis, familiares de Dom Marcos Noronha e do senhor José Ivanir Américo, primeiro sacerdote a ser ordenado na Diocese por Dom Marcos Noronha. Ao final da missa, a senhora Natália Lacerda, em nome do governo municipal, entregou a Dom Marco Aurélio uma placa comemorativa que foi, juntamente com a senhora Zélia Froes, depositada no jazigo de Dom Marcos Noronha, na cripta da Catedral. Pe. Ueliton Neves, assessor diocesano de comunicação, transmitiu a todos a mensagem de Dom José Lanza Neto, bispo diocesano de Guaxupé, diocese onde era incardinado Dom Marcos A. Noronha: “Foi, sobretudo, um homem de proximidade com a Palavra, deixando-se iluminar pelo conhecimento, advindo de seu esforço e comprometimento, interessava-se pela literatura e dedicava-se sobremaneira a contemplação dos textos bíblicos. Aprofundou-se nas proposições do Concílio Vaticano II, abrindo-se a conhecer novos modos do exercício teológico e das grandes transformações realizadas na Igreja, mantendo-se sempre em constante contato com grandes nomes da Igreja em sua época e personalidades relevantes do cenário político”.
Conhecendo um pouco Dom Marcos Noronha
Marcos Antônio Noronha nasceu no dia 18 de setembro de 1924 em Areado, interior de Minas Gerais, perto de Guaxupé, porém foi registrado somente no dia 03 de outubro de 1924, data que consta em seus documentos pessoais. Filho de Joaquim Monteiro Noronha e de Maria Laura Torraca, seu nome é em homenagem a um tio padre italiano. Embora em seu registro civil consta Antônio Marcos Noronha, pelo que dizem, confusão de seu avô, fazia questão de assinar como Marcos Antônio Noronha. Marcos Antônio Noronha foi o segundo filho do casal de professores que teve cinco filhos: Maria do Carmo, Plínio, José e Rômulo. Foi batizado pelo Pe. Antônio Henrique do Valle, aos 16 de outubro de 1924, na Igreja Matriz da Paróquia São Sebastião, em Areado, e os padrinhos foram Antônio Gomes Horta e Mariana Noronha Horta. Sua crisma foi na mesma igreja onde foi batizado aos 03 de maio de 1925 pelo bispo Dom Ranulfo da Silva Faria.
Das mãos de Dom Antônio dos Santos Cabral recebeu a Primeira Tonsura no dia 04 de dezembro de 1944; as ordens menores de estiário e leitor em 06 de abril de 1945; de exorcista e acólito, em dezembro do mesmo ano. Dom Hugo Bressane de Araújo, Bispo de Guaxupé, conferiu-lhe o subdiaconato no dia 08 de dezembro de 1945 e o diaconato em 15 do mesmo mês e ano; o Presbiterato a 07 de dezembro de 1947.
No dia 07 de junho de 1965, aos 40 anos de idade, o Papa Paulo VI nomeou o Pe. Marcos Antônio Noronha como primeiro Bispo da Diocese de Itabira, que foi criada em 14 de junho do mesmo ano. Sua ordenação episcopal aconteceu no dia 24 de agosto de 1965 na Catedral Nossa Senhora das Dores, em Guaxupé e sua posse canônica se deu somente em 29 de dezembro do mesmo ano, na Igreja Nossa Senhora do Rosário, em Itabira, presidida pelo Núncio Apostólico, Dom Sebastião Baggio. Seu lema “IN CARITATE RADICATI” – ENRAIZADOS NA CARIDADE. Neste mesmo dia foi instalada a Diocese de Itabira.
Na Diocese de Itabira, Dom Marcos Noronha desencadeia um forte processo de reflexão sobre a Igreja de Cristo, a realidade da região e a missão da nossa Igreja Particular, convocando todo o povo a participar do processo. Sua ação não se restringiu à área da Diocese. Em junho de 1968, por exemplo, compareceu à Assembleia Legislativa do Estado, e aí defendeu a união de esforços em favor do desenvolvimento integrado do vale do Rio Doce. A certa altura, alertou para a grande distorção existente: de um lado o complexo mineral, com toda a sua pujança; e do outro, o abandono (acelerado) das áreas rurais.
Dom Marcos desenvolveu um trabalho muito importante na renovação da Igreja de acordo com as decisões do Concílio Vaticano II e de Medellím.
Os primeiros sacerdotes ordenados por Dom Marcos Antônio Noronha na Diocese de Itabira foram os Padres José Ivanir Américo e José Miranda. Pe. José Ivanir Américo foi ordenado em 1966 e deixou o exercício do ministério sacerdotal no ano de 1983. Pe. José Miranda foi ordenado presbítero aos 16 de abril de 1967 e faleceu no dia 28 de maio de 2006.
Dom Marcos Noronha renunciou ao episcopado e ao governo da Diocese de Itabira aos 02 de novembro de 1970 e faleceu na madrugado de 16 de fevereiro de 1998, no Hospital Madre Teresa, em Belo Horizonte, com 73 anos. Seu velório foi realizado na Igreja São José Operário, em Guaxupé, que costumava frequentar quando ia à cidade. A missa exequial, presidida por Dom Lélis Lara, foi concelebrada pelo bispo diocesano de Guaxupé, Dom José Geraldo Oliveira do Valle, e por Dom Hermínio Malzone Hugo, vindo especialmente do Rio de Janeiro para a cerimônia. De 1998 a 2005 seu corpo repousou no cemitério em Guaxupé. No 40º aniversário de instalação da Diocese de Itabira-Coronel Fabriciano aos 29 de dezembro de 2005, a pedido de Dom Odilon Guimarães Moreira, teve seus restos mortais trasladados para a cripta da Catedral Diocesana Nossa Senhora do Rosário, em Itabira.
Pe. Ueliton Neves da Silva
Assessor Diocesano de Comunicação