Fraternidade ecológica, caminho de esperança

Meu querido irmão, minha querida irmã, graça e paz no Senhor.

Nesta Quaresma, enriquecida pela graça do Ano Jubilar, o Papa nos convida a peregrinarmos na fé e na esperança rumo à páscoa da ressurreição.

Nossas comunidades eclesiais são chamadas a celebrar, com intensidade, numa liturgia sóbria, própria deste tempo litúrgica, o mistério da nossa fé e a fazer um profundo e rico caminho de penitência e de conversão pessoal, social e ecológica.

Estamos vivenciando o ano jubilar diocesano em consonância com o Jubileu de Esperança, agradecidos a Deus pela nossa ação pastoral missionária e evangelizadora que acontece a 60 anos.

Num tem tempo de reflexão sinodal e de busca por caminhos que nos faça caminhar como peregrinos de esperança, o Papa Francisco, em sua mensagem para a quaresma deste ano, intitulada “Caminhemos juntos na esperança”, nos convoca a sermos firmes na caminhada cristã em unidade e por meio da confiança na promessa de Deus. A fé não deve ser vivida de forma isolada, pede o Santo Padre: “Caminhar juntos, ser sinodal, é esta a vocação da Igreja”.  Assim, o Espírito Santo impulsiona cada cristão a sair de si mesmo para encontrar Deus e os irmãos.

O Papa questiona se, em nossas comunidades, estamos realmente caminhando com os outros ou nos fechamos em nossas próprias necessidades. “Sigamos na mesma direção, ouvindo-nos uns aos outros com amor e paciência”, incentiva o Santo Padre, que pede um comprometimento dos fiéis a verificarem se, na vida pessoal e comunitária, há espaço para acolher e incluir aqueles que se sentem à margem.

O Papa pede que a esperança seja o horizonte do caminho quaresmal, lembrando as palavras do Papa Bento XVI na encíclica Spe salvi: “Nem a morte, nem a vida, nem os anjos, nem os principados… poderão separar-nos do amor de Deus, que está em Cristo Jesus”.

A Quaresma nos oferece a Campanha da Fraternidade como caminho de conversão. A cada ano, a Igreja no Brasil lança um olhar sobre a realidade nacional, na qual traz situações de pecado e sofrimento — sinais de que a Paixão de Cristo continua presente — e vem nos propor, com a Campanha da Fraternidade, um caminho de ressurreição, que corrija os desvios de nossa caminhada.

Em 2025 o tema da Campanha da Fraternidade é “Fraternidade e Ecologia Integral”, e o lema é do relato bíblico da criação: “Deus viu que tudo era muito bom!” (Gn 1,31). Ecologia Integral não é apenas a ecologia verde, ou seja, o cuidado com a natureza, com as florestas, com os rios, etc. e o combate à sua degradação. Envolve também o cuidado com o meio ambiente no qual vivemos e nos relacionamos: da cidade, do trabalho, da família, da espiritualidade, o cuidado com todas as relações humanas e sociais que compõem a vida em nossa Casa Comum, pois “tudo está interligado”. O Papa nos recorda que o mundo é um “mistério gozoso que contemplamos na alegria e no louvor” e que “cuidar da casa comum é também cuidar da nossa própria dignidade”, pois também nós somos parte da criação. A missão do ser humano, desde a criação, é administrar o mundo com responsabilidade e gratidão.  Assim como cada espécie gera a sua própria descendência, a responsabilidade pelo planeta também é transmitida de geração em geração.

A Campanha da Fraternidade 2025 se coloca como um norte para a sociedade a refletir, durante a Quaresma e reverberando para o ano todo, sobre o cuidado com a terra, respeitando a criação de Deus e garantindo que as futuras gerações também possam contemplar e usufruir desse dom.

Vivendo as alegrias do Jubileu Diocesano, 60 anos de caminhada missionária, e do Ano Santo de Esperança, supliquemos ao Senhor que Ele nos abençoe e nos guarde e nos conceda a graça de vivenciarmos uma santa e abençoada quaresma.

Dom Marco Aurélio Gubiotti
Bispo Diocesano de Itabira-Coronel Fabriciano
“Pela Graça de Deus” (1Cor 15,10)