Amados irmãos e irmãs,
Enfrentamos nos últimos tempos momentos inusitados na história jamais vividos, que nos trouxeram situações inesperadas nos colocando em extrema ansiedade, insegurança e medo. Essa pandemia tocou todos os âmbitos de nossas relações, sejam elas afetivas, familiares e comunitárias, ou a nível político, sanitário, econômico.
Nesses tempos de Covid19, por graça ou por força da situação, também aprendemos a redescobrir o valor de Deus, da Igreja, da catequese, da vida comunitária, quando fomos privados a causa do isolamento social, e de outro, a fortalecer os vínculos da fé, do orar em família, de melhorar a convivência, a descobrir melhor o outro participando de suas limitações e alegrias. Nos chama atenção, como pastor e líder religioso como a comunidade ficou mais vulnerável, sensível, caridosa e aberta, também a necessidade do outro. Então, mediante a isso, percebo o quanto a fé é viva, atuante, vibrante, preocupada, comprometida. Transformada em verdadeiro Evangelho. A Igreja doméstica vive-se na relação como o Cristo encarnado na vida do pobre, do sofredor, do abandonado, do triste, do isolado, do vulnerável. Enalteço aqui o valor da solidariedade de tantos corações generosos que com gratidão e confiança partilharam e partilham o pão da comida, movidos pelo pão da Palavra, do Evangelho, ou pela boa vontade de ser solidário.
No dia 14 deste mês celebramos 55 anos de história da nossa Igreja Diocesana. O Concílio Vaticano II (1962-1965) e a criação da nossa Diocese de Itabira (1965) foram fatos determinantes na história da Igreja do século XX. Esses dois eventos se entrelaçam possibilitando a abertura da Igreja para o mundo e para a comunidade católica do Centro Leste Mineiro. A Diocese de Itabira logo aderiu ao conceito de Igreja Povo de Deus, retomado pelo Concílio Vaticano II, e, ao longo desses anos, vem implantando esse novo jeito de ser igreja através do esforço incansável dos bispos, padres, religiosos e religiosas e agentes de pastoral neste pedaço de chão.
Nossa diocese foi criada no dia 14 de junho de 1965 através da Bula Haud Inani do Papa Paulo VI. O Concílio encerrou-se no dia 08 de dezembro daquele mesmo ano e no mesmo mês do encerramento se deu a instalação da mais nova diocese mineira com a posse do primeiro bispo, Dom Marcos Antônio Noronha, a 29 de dezembro de 1965. Oriundo de Guaxupé (MG), Dom Marcos Antônio Noronha, 1965-1970, participou da última sessão do Concílio. Nesse clima de novidades que a diocese forma a sua identidade implantando o seu plano de pastoral de conjunto.
Nessa história a diocese se destaca por uma pastoral dinâmica. Houve um entusiamo novo em matéria de Igreja, sobretudo em matéria de ação social e reflexão. O saudoso Dom Lélis Lara, falecido em 08 de dezembro de 2016, acompanhou essa história inicial muito de perto, pois chegou por aqui no ano de 1971, ele teve contato direto com muitos líderes que ajudaram a nova diocese caminhar para frente.
Ele descreve essa atuação assim: “A nossa diocese se tornou uma diocese diferente das outras todas, porque ela era uma diocese que nasceu dentro do Concílio Vaticano II, em 1965, é tanto que Dom Marcos Noronha, o frei Vital juntamente com Dom Mário e eu, tínhamos o intuito de implantar aqui a pastoral do Concilio Vaticano II e era o que fazia a diferença em relação às outras dioceses tradicionais, nós éramos uma diocese nova. Uma diocese que estava começando uma coisa nova e isso ficou evidente”, disse.
Depois de tantos testemunhos bonitos, sem a pretensão de esgotar a riqueza histórica da caminhada dessa Igreja, quero também dizer algo sobre a nossa diocese. Em maio de 2013 quando aqui chegava para assumir a missão de bispo diocesano, função que abracei com muita consciência, procurei dar continuidade a essa linda história evangelizadora e pastoral, e assim o fiz. Ao chegar na diocese, até então pra mim terras desconhecidas, me deparei com um povo de uma fé fervorosa, uma liderança animada e disposta a dar continuidade a nossa caminhada de fé e um expressivo testemunho de presença e atuação pastoral de nossos padres junto ao Povo de Deus.
Celebrar o aniversário de nossa diocese é ocasião para fazer memória do caminho percorrido, das conquistas alcançadas, dos obstáculos superados, da história construída passo a passo com fé e perseverança. Esta celebração constitui um momento privilegiado de reflexão sobre sua continuidade e o seu futuro.
Agradeçamos ao Pai de Amor e Bondade por toda caminhada pastoral e evangelizadora de nossa Igreja Particular de Itabira-Cel. Fabriciano, ao longo de seus 55 anos. Nossos bispos, padres e diáconos, na pessoa de Jesus Cristo, conduziram nossa amada diocese até os dias de hoje, seguindo o exemplo do Bom Pastor, e continuam a conduzir. Nossos leigos e leigas, religiosos e religiosas, consagrados e consagradas trabalharam e continuam trabalhando em prol da evangelização, nas três Regiões Pastorais de nossa Diocese. Que continuemos nossa missão, iluminados pelo Evangelho, com um coração semelhante ao de Jesus, para que imitemos em nossa vida, seus exemplos de amor e caridade para com o próximo.
Que o Espírito Santo, Água Viva que brota do Pai e do Filho, nos fortaleça em nossa caminhada missionária e evangelizadora e nos ensine a respondermos com a nossa vida pessoal, familiar, comunitária e social, ao seu chamado divino em nossas comunidades eclesiais.
Diante do isolamento que nos priva da vida de fé em nossas celebrações comunitárias e nas mais diversas atividades pastorais, vos exorto a permanecerem firmes na esperança e na oração: “Orai sem cessar” (1Ts 5,17). Não cesses de desejar de que em breve nos encontraremos a viver juntos, em comunidade, as aventuras de nossa fé no caminho do céu e na construção do seu Reino aqui na terra.
Por intercessão de nossa padroeira, a Mãe Aparecida, e unidos a ela, saibamos colocar nossos dons a serviço do Senhor, a fim de que sejamos colaboradores e construtores de uma diocese em permanente estado de missão.
Dom Marco Aurélio Gubiotti
Bispo Diocesano de Itabira-Coronel Fabriciano
“Pela Graça de Deus” (1Cor 15,10)