“Pedi ao dono da messe que envie operários à sua messe” (Lc 10,2).
Queridos irmãos e irmãs, iniciamos o mês vocacional no contexto do ano de São José. Conforme nos disse o Papa Francisco em sua Carta Apostólica Patris Corde, em São José Deus reconheceu um coração de pai. São José, em sua vocação paterna, viveu o sonho de Deus na ternura, na obediência e no acolhimento.
Na sua Carta Apostólica, o Papa sugere três palavras-chave para entendermos a vocação de José, e consequentemente a nossa, à resposta a este chamado. A primeira palavra é sonho, referindo-se aos sonhos por meio dos quais Deus falou a José, como relatado na Bíblia. José acolhe o sonho como chamado de Deus. Chamados somos nós também a acolhermos o sonho de Deus em nossa vida. Outro aspecto ressaltado pelo Papa na mensagem, é o serviço. José respondeu à vocação com atitude de serviço. Não procurou fazer apenas o que era do seu agrado. Ele se colocou a serviço de Deus e daqueles que foram confiados ao seu cuidado. Esse serviço é doação de amor, na simplicidade do dia a dia. A terceira palavra-chave assinalada pelo Papa Francisco é a fidelidade. José é descrito como bom, justo, honesto e fiel ao seu chamado. A vocação é isso, aderir, todos os dias, com generosidade e perseverança, à vontade de Deus a nosso respeito.
Assim como São José, todas as pessoas, em diferentes épocas, foram chamadas por Deus a uma específica missão. Há aí uma relação entre quem chama e quem escuta e responde. Para escutar o chamado de Deus se faz necessário uma escuta atenta e profunda de sua Palavra e da vida, prestar atenção aos próprios detalhes do nosso dia a dia, aprender a ler os acontecimentos com os olhos da fé, e mantermo-nos abertos às surpresas do Espírito. Além de escutar, é preciso discernir o chamado: onde e para quê o Senhor me chama? Cada um de nós é chamado – à vida laical no matrimônio, à vida sacerdotal no ministério ordenado, ou à vida de especial consagração – para se tornar testemunha do Senhor, aqui e agora.
Nesta oportunidade, aproveito para fazer um apelo a toda nossa Diocese, para que se ponha em oração contínua, pedindo ao Senhor da messe que envie mais operários para a sua messe (cf. Mt 9,38). Nas diversas instâncias eclesiais (comunidades, grupos pastorais, movimentos e serviços), na família e em tantas outras instâncias, que haja um grande clamor a Deus por toda a Igreja. Vamos colocar em prática o que Jesus nos orienta quando nos diz, “pedi e recebereis” (Lc 11, 9), para que toda a Igreja, não somente nossa Diocese, mas toda a Igreja possa contar com inúmeras vocações sacerdotais, religiosas, consagradas e leigas.
Com espírito fundamentalmente missionário, que todos nós, pela oração perseverante, possamos alcançar do Senhor o socorro que toda Igreja precisa, especialmente no que diz respeito às vocações para os diversos serviços da ação evangelizadora e pastoral. Como São João Maria Vianney, o santo Cura D’Ars, padroeiro de todos os padres, profundamente ligado ao Senhor por uma vida orante, inspirado pela exortação de São Paulo Apóstolo: “Orai sem cessar” (1Ts 5, 17), acreditamos no poder da oração persistente e na resposta de nosso Bom Deus.
Aos pais e mães, aos consagrados e aos padres, é muito importante que testemunhemos o que é belo, o que fascina e faz valer a pena viver a vocação. O modo como vivermos nossa vocação, será determinante para que outros se encantem pelo matrimônio ou por uma vida de especial consagração.
Que a Virgem Maria, modelo de toda vocação, celebrada neste mês na solenidade de sua Assunção, nos inspire com sua coragem e seu entusiasmo, com sua abertura de coração e sua prontidão, para que digamos decididamente o nosso “Eis-me aqui” ao chamado do Senhor (cf. Lc 1, 39).
Itabira, 02 de agosto de 2021
Dom Marco Aurélio Gubiotti
Bispo Diocesano de Itabira-Coronel Fabriciano
“Pela Graça de Deus” (1Cor 15,10)