Queridos irmãos e irmãs, amados diocesanos,
A graça de Deus permite-nos iniciar um novo ano e nós queremos iniciá-lo com fé e coragem, sabendo que, em Jesus, Deus está no meio de nós: “Eu estarei convosco todos os dias até o fim dos tempos”(Mt 28,20).
Celebramos a vinda de Jesus no Natal e nos alegramos com a paz que Ele traz à terra, paz ao coração daqueles que o recebem. Alegramo-nos também porque Ele nos convida a construirmos um mundo novo, que é possível pela força do seu poder agindo em nós.
Convido-os a celebrar e retribuir a graça de Deus, ao longo deste novo ano, com nosso empenho para juntos vivermos nossa vocação cristã: trabalhar pelo Reino de Deus, como Igreja que somos, em comunhão e missão.
Em sua mensagem para o Dia Mundial da Paz deste ano, 1º de janeiro, o papa Francisco reflete sobre “a boa política que está a serviço da paz”. Recorda-nos que a paz é fruto dum grande projeto político, que se baseia na responsabilidade mútua e na interdependência dos seres humanos. Mas é também um desafio que requer ser abraçado dia após dia.
Jesus, ao enviar em missão os seus discípulos, disse-lhes: “Em qualquer casa em que entrardes, dizei primeiro: “A paz esteja nesta casa!E, se lá houver um homem de paz, sobre ele repousará a vossa paz; se não, voltará para vós” (Lc 10, 5-6).
Oferecer a paz está no coração da missão dos discípulos de Cristo. E esta oferta é feita a todos os homens e mulheres que, no meio dos dramas e violências da história humana, esperam na paz. A ‘casa’, de que fala Jesus, é cada família, cada comunidade, cada país, cada continente, na sua singularidade e história; antes de mais nada, é cada pessoa, sem distinção nem discriminação alguma. E é também a nossa ‘casa comum’: o planeta onde Deus nos colocou a morar e do qual somos chamados a cuidar com solicitude, recorda-nos o Santo Padre.
Quero, no início deste ano e em comunhão com o Santo Padre retomar algumas citações em sua mensagem para o 52º DIA MUNDIAL DA PAZ. Nela, o Papa reflete sobre o desafio da boa política; a Caridade e virtudes humanas para uma política ao serviço dos direitos humanos e da paz; os vícios da política; A boa política promove a participação dos jovens e a confiança no outro; Não à guerra nem à estratégia do medo e apresenta um grande projeto de paz, dizendo que a paz é uma conversão do coração e da alma, sendo fácil reconhecer três dimensões indissociáveis desta paz interior e comunitária:
– a paz consigo mesmo, rejeitando a intransigência, a ira e a impaciência e – como aconselhava São Francisco de Sales – cultivando “um pouco de doçura para consigo mesmo”, a fim de oferecer “um pouco de doçura aos outros”;
– a paz com o outro: o familiar, o amigo, o estrangeiro, o pobre, o atribulado…, tendo a ousadia do encontro, para ouvir a mensagem que traz consigo;
– a paz com a criação, descobrindo a grandeza do dom de Deus e a parte de responsabilidade que compete a cada um de nós, como habitante deste mundo, cidadão e ator do futuro.
Iluminados pela fé olhemos para este novo ano com muita esperança. Cultivemos um anseio profundo por aquele que é o “Príncipe da paz” (cfIs 9, 5), Jesus, distribuidor da divina misericórdia e autor da salvação. Sem ele nada poderemos fazer. Com ele, porém, tudo será possível.
Com os olhos voltados para Jesus, no colo de Maria, sua Mãe, abertos à verdade e ao amor, adentremos progressivamente no novo ano que Deus nos concede para viver e avancemos com esperança. Animemo-nos mutuamente para que, com alegria e renovada coragem, nos empenhemos na busca da verdade, na defesa do bem comum e na construção de um mundo novo, onde todos poderão viver na santidade e na paz.
Nesta perspectiva, desejo dirigir um: apelo à adoção de políticas de cooperação que, em vez de submeter à ditadura de algumas ideologias, sejam respeitadoras dos valores das populações locais e, de maneira nenhuma, lesem o direito de viver com dignidade.
Confio estas reflexões, juntamente com os melhores votos para o novo ano, à intercessão de Maria Santíssima, Mãe solícita pelas necessidades da humanidade, para que nos obtenha de seu Filho Jesus, Príncipe da Paz, a satisfação das nossas súplicas e a bênção do nosso compromisso diário por um mundo fraterno e solidário.
+ Dom Marco Aurélio Gubiotti
Bispo Diocesano de Itabira-Coronel Fabriciano
“Pela Graça de Deus” (1Cor 15,10)