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27 de julho de 2024

Vinte e nove crismados e toda a potência do Espírito Santo de Deus

30/11/2020 . Notícias da Diocese

“Tendo-se completado o dia de Pentecostes, estavam todos reunidos no mesmo lugar. De repente, veio do céu um ruído como o agitar-se de um vendaval impetuoso, que encheu toda a casa onde se encontravam. Apareceu-lhes, então, línguas como de fogo, que se repartiam e que pousaram sobre cada um deles.” (At 2,1-3)

Se tivesse que “reduzir” em uma palavra esta cena, ousaria dizer: potência!

É difícil imaginar a suavidade do Espírito Santo em um “agitar-se de um vendaval”, ou em “línguas como de fogo”. E se pensarmos no significado da palavra potência, que quer dizer (em linhas gerais) força, vigor, autoridade, capacidade de realizar… Ou, ainda, “caráter do que pode ser produzido, ou produzir-se, mas que ainda não existe” (Dicionário Aurélio)…, aí fica mais difícil imaginar a “tal suavidade”.

Se voltarmos um pouco nas escrituras, vamos lembrar da promessa de Cristo aos discípulos: “Quando vier o Espírito da verdade, ele vos guiará na verdade plena, pois não falará de si mesmo, mas dirá tudo o que tiver ouvido e vos anunciará as coisas futuras.” (Jo 16,13)

Aí, faço-me sempre estas perguntas: se no Pentecostes a manifestação do Espírito tivesse sido como aquele “sopro de Deus que agitava a superfície das águas” será que os incrédulos daquele tempo perceberiam esta presença? Se no batismo de Jesus, apenas a “pomba” tivesse pousado sobre Ele e Deus não tivesse se manifestado em voz, os presentes reconheceriam ali Aquele que haveria de vir e que já era presença entre eles?

Há dualidade nas respostas: sim e não! E é esta fantástica dualidade que nos prende ou nos afasta do caminho do Senhor.

Se esperarmos apenas por um pentecostes com línguas de fogo – provavelmente, não reconheceremos a presença do Espírito de Deus em muitos momentos. Então, a resposta seria não! Muitos de nós seríamos incrédulos. No entanto, exatamente porque Deus se manifesta em nosso interior, afinal somos frutos do Seu Sopro e criados a sua semelhança, ainda que o Espírito se manifestasse “suavemente”, tal como uma brisa ou sussurro, a resposta seria sim – nós o reconheceríamos.

Celebração da Crisma

“Se a gente se olhar no espelho antes da crisma e depois dela não vamos ver nenhuma diferença.”

Essas foram algumas das palavras que Dom Marco Aurélio Gubiotti dirigiu aos crismandos durante a celebração. E continuou: “A mudança interna, essa sim, existe. Só que como todo dom de Deus, é preciso correspondência. A parte de Deus não falta, que é ungi-los com seu Espírito, doar o seu Espírito para vocês, em plenitude!”

E é isso: não é preciso vendavais, ou línguas de fogo, ou ainda “falar em línguas” para perceber as manifestações do Espírito Santo. É preciso correspondência! Abrir-se às suas ações em nossas vidas, permitir que Ele haja conforme uma vontade que não é nossa, mas que provém do Pai.

De certa maneira, o Espírito Santo iniciou suas ações em cada um dos 29 crismandos, agora crismados, há mais de um ano, lá no começo do processo do catecumenato. Por mais que não se queira perceber, ou não se queira atribuir a Ele essa caminhada, acredite: é sempre por obra de Deus e por vontade Dele que os impulsos para segui-Lo e servi-Lo se manifestam em cada um de nós.

Não importa se pelas pressões familiares, ou porque é preciso o Sacramento da Crisma para muitas coisas na Igreja, como ser padrinho ou madrinha, para ser marido e esposa no Sacramento do Matrimônio… Não importa. Qualquer que tenha sido a motivação inicial, o Espírito já estava ali, agindo. Agora, agirá em plenitude se você permitir.

Nesta caminhada que começou em 2019, e que era para ter sido concluída em março de 2020, muitos foram os desafios, os ganhos e perdas – sobretudo porque 2020 se tornou uma avalanche por causa da pandemia.

Chegar ao tão esperado momento de acender a vela no Círio Pascal, de comungar Jesus Eucarístico numa celebração tão especial, de ser ungido com o óleo santo do Crisma é uma graça em tempos de pandemia. Não foi no nosso tempo programado, mas aconteceu na perfeita organização da agenda de Deus.

Celebração da Crisma na Matriz Nossa Senhora da Saúde

Não teve o simbolismo do “sopro” do bispo sobre cada crismando – todo mundo estava de máscara. Não teve o ‘dedinho’ do bispo tocando a fronte dos crismandos – toques não são permitidos, tiveram que ser substituídos por cotonetes. Não teve aquele abraço do bispo, que tanto nos lembra o abraço de um pai carinhoso, feliz em nos receber em sua casa depois de muito tempo longe do ambiente familiar. Não teve nada disso.

Mas se “a pandemia” achou que poderia nos impedir de viver plenamente toda a potência deste sacramento… Bom, a gente tem que reconhecer que “a pandemia” se enganou.

A potência do Espírito Santo estava em cada detalhe da celebração. Se tiver um tempinho, escute as palavras de Dom Marco Aurélio – que catequese, quanto aprendizado podemos tirar de cada uma delas! (Você pode acessar o vídeo da transmissão da Crisma clicando aqui)

A potência do Espírito Santo estava nas muitas faces ansiosas, no rosto da mãe que esperou toda uma vida para ver o filho, já casado e com filhos, recebendo este sacramento. Mães não desistem nunca. Deus não nos permite desistir e o Espírito cuida de nos impulsionar.

A potência do Espírito Santo estava no “corre daqui e dali” da coordenação da Iniciação à Vida Cristã de Adultos/Comunidade Matriz Nossa Senhora da Saúde. Um corre pra garantir que tudo daria certo – porque a gente nunca quer atropelos e coisinhas erradas num dia especial.

Coordenação da IVCA na Comunidade Matriz: Arthus, Geraldo, Fernando, Wender – da esquerda para a direita

A potência do Espírito Santo estava na presença do nosso pároco, Padre Paulo Marcony, que pegou essa caminhada já no final de toda a caminhada e, ainda assim, foi motivação para que mais esta etapa da trajetória cristã fosse cumprida.

A potência do Espírito Santo estava ali, na presença também do Diácono Márcio Mota, que chegou na Paróquia seminarista, se tornou diácono e vai se ordenar padre em janeiro do ano que vem (com a graça de Deus e a potência do Espírito). Possivelmente, esta será sua única crisma como diácono – e isso tem um valor interessante se pensarmos na potência dos graus da ordem. Cada um somando o seu servir diante do altar e do povo de Deus ali presente.

A potência do Espírito Santo estava em cada introdutor/catequista ali presente – que, com certeza, sentiu um revolver por dentro. Alguns, de maneira mais suave, quase imperceptível, feito a brisa que o Espírito também é. Outros, com aqueles arroubos internos que, às vezes, nos cobram uma força imensa para não desabar em soluços da mais completa alegria.

A potência do Espírito Santo estava em cada ministro e outros tantos que serviram e participaram da celebração.

Como cada qual sente, percebe ou apreende esta potência… é um exercício interno. Mas Ele estava lá – o Espírito Santo de Deus. Em cada palavra, em cada gesto, em cada face, se unindo a cada um de nós e nos unindo uns aos outros.

A força da nossa fé está na perfeita potência da Trindade. Ali, na celebração do Sacramento da Crisma, Jesus se multiplicou no alimento da Eucaristia – na verdade da sua presença real no meio de nós. O Espírito conduziu, tal como convinha, o momento – criou o ambiente espiritual interno, “silenciou”, “falou”, “sorriu”, “se emocionou”. E Deus… Ah, esse nosso Deus lindo, maravilhoso! Ah, esse nosso Deus onipresente estava ali, sentado no meio de nós, num dos bancos da “arquibancada” – porque é difícil imaginar nosso Deus preferindo as cadeiras cativas. Estava ali, assistindo e participando de tudo. Acredito que com um sorriso aberto, escancarado por ver que nós ainda temos jeito, mesmo quando parece que não temos. A gente ainda quer viver Nele, por Ele e para Ele.

A gente erra, cai. Mas é de momentos como esses, que Deus prefere lembrar.

Pegando carona em mais uma fala de Dom Marco Aurélio, agora é hora de vocês “tomarem conta dos 7 dons do Espírito”. E se você não percebeu… faltou um pedacinho importante, talvez até a frase mais lembrada pelos cristãos, daquele trechinho de Atos dos Apóstolos citado lá no início deste textão. Faltou esta frase:

“E todos ficaram repletos do Espírito Santo…”

As fotos da Crisma e o vídeo da transmissão estão disponíveis em nossa página no facebook.

Por Liliene Dante
Paróquia Nossa Senhora da Saúde – Itabira