Júlio César Santos*
Hoje, dia 14 de junho de 2020, a Diocese de Itabira – Coronel Fabriciano comemora seus 55 anos. Podemos comparar a sua trajetória até aqui como uma pequena criança nascida no clima do Concílio Vaticano II: que engatinhou nas propostas da nova evangelização que pairava sobre a Igreja Católica em todo mundo e que apenas começou a dar os seus primeiros passos. Isto porque a sua idade é nova se comparada as outras dioceses em seu entorno. Itabira é sufragânea da Arquidiocese de Mariana, sendo a última diocese desmembrada da Igreja Primaz de Minas, ou seja, somos sua filha caçula, erigida canonicamente no dia 14 de junho de 1965, sendo a posse canônica do primeiro bispo ocorrida no dia 28 de dezembro do mesmo ano.
Muitas histórias teríamos para contar nesses 55 anos de vivência diocesana. No entanto, dentre todas essas histórias, destaca-se o protagonismo dos leigos e leigas, irmãos e irmãs que, com o seu jeito simples e esperançoso, nos ensinam a seguir o nosso caminho com vitalidade e alegria, vivendo a nossa “diocesaneidade”. Afinal, nossa diocese, desde a sua fundação, já é marcada com a força dos leigos que, juntamente com os seus ministros ordenados, não cessam de doar o melhor de si para que nossa Igreja Particular possa ser sinal e presença do Cristo Ressuscitado.
Ao olharmos para nossa história, de modo especial para o pronunciamento do primeiro bispo, Dom Marcos Noronha, já percebemos o compromisso da nossa Diocese e o seu comprometimento às necessidades do seu tempo. Para esse bispo, era preciso ver a diocese não somente como uma sede administrativa, mas também como uma colaboradora que permite a partilha da Palavra e da Eucaristia. Segundo as suas próprias palavras, “é por causa do Evangelho e da Eucaristia, para possibilitar sua chegada a cada pedaço do território, orgânica e planejada[mente], é que existe Cúria, Conselhos, Comissões. É por causa do Evangelho e da Eucaristia que se tiram meios à técnica de administração, à divisão de responsabilidades, ao trabalho da equipe para que a Igreja esteja viva em cada pedaço e o Evangelho possa chegar ao povo onde quer que ele esteja”.¹
Hoje, afetados pela pandemia do COVID-19, a nossa Diocese se reinventa em estar presente nas alegrias e tristezas do tempo presente. Alimentados pela Palavra e fortalecidos pela Eucaristia elevada em seu favor, participada através dos meios de comunicação, os leigos e leigas, em suas casas, pequenas igrejas domésticas, continuam com as suas doações físicas e materiais. A fé, nesses momentos de medo, é muito bonita e especial, como nos diz a canção do padre Zezinho: “somos a Igreja do pão, do pão repartido e do abraço e da paz”. Podemos perceber essas delicadezas da fé nas partilhas que estão sendo realizadas durante o período do isolamento social.
As manifestações religiosas desse período de pandemia foram aparecendo conforme a liturgia da Igreja: as casas que foram enfeitadas, na Semana Santa, com ramos, crucifixos, velas e flores, por exemplo; os momentos de festas nas comunidades eclesiais são vivenciados em família; as carreatas com as imagens do padroeiro, com o crucifixo de Nosso Senhor Jesus Cristo e com o Santíssimo Sacramento na festa de Corpus Christi. Muitas campanhas de doações de alimentos não perecíveis e agasalhos foram promovidas pelas paróquias, graças a liderança de muitos leigos e leigas. O projeto do Evangelho de Jesus Cristo acontece além das paredes dos templos, e a Eucaristia, o momento de ação de graças, acontece na fração do pão e na vivência com os irmãos, possibilitando a experiência com o Ressuscitado, com o “Cristo pão dos pobres juntos nesta mesa pois a eucaristia faz a igreja”.² Para não perder a fé e a caridade, Dom Marcos Noronha, em seu lema episcopal “Radicados na caridade”, retirado da Carta de São Paulo aos Efésios (Ef 3,17), inspira-se e inspira-nos: “eu quis dizer a mim mesmo que é inútil tudo aquilo que não estiver fortemente enraizado no Amor de Deus, manifestado no Cristo Jesus, assim como é inútil plantar sem confiar ao solo a fecundação, sem colocar as raízes no coração da terra” (BUARQUE; PINHEIRO; SANTOS, 2015, p. 69).³
Neste dia especial é preciso felicitarmos a nossa querida Diocese de Itabira – Cel. Fabriciano, afim de que ela continue a caminhar com entusiasmo, esperança e fé sendo alimentada pelo Evangelho de Jesus Cristo, pois “Pela graça de Deus” (1Cor 15,10), seremos semeadores do Reino neste pedaço de chão. Que a Mãe Aparecida, padroeira do Brasil e da nossa diocese, cubra-nos com as copiosas bênçãos. E que o amor do Pai seja derramado em nossos corações, pela ação do Espírito, na presença de seu Filho, que é Deus Conosco.
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*Graduando do curso de Teologia (2019) pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUC-Minas).
[1] ARQUIVO ECLESIÁSTICO DA DIOCESE DE ITABIRA-CORONEL FABRICIANO. Primeiras palavras do Sr. Bispo na Catedral, 29 dez. 1965. Manuscrito.
[2] CRISTO PÃO DOS POBRES. L. e M.: Pe. José Freitas Campos. Ar.: José Acácio Santana.
[3] BUARQUE, V. A. C.; PINHEIRO, C. F. S.; SANTOS, J. C. DIOCESE DE ITABIRA – CORONEL FABRICIANO – 50 ANOS DE HISTÓRIA -. Belo Horizonte: O Lutador, 2015.eus Conosco.