No último sábado, 27 de fevereiro, às 19h, na Igreja Matriz de Nossa Senhora do Rosário em Santa Maria de Itabira (MG), foi realizada a Missa da Esperança, na intenção especial de sufrágio pelo descanso eterno dos irmãos falecidos nos deslizamentos de terra e nas enchentes ocorridos no último dia 21 de fevereiro, bem como pelo recomeço da vida de todos os sobreviventes.
Presidida pelo bispo diocesao, Dom Marco Aurélio Gubiotti, concelebrada pelos Pe. Wilner Pierre, CICM, Pe. Ueliton Neves e assistida pelo Diácono Luciano dos Santos e Seminarista Guilherme, a celebração foi uma oportunidade onde a Paróquia se solidarizou com as vítimas, e também com as famílias enlutadas, para as quais pediu-se a Deus conforto e esperança.
No início da celebração, Dom Marco Aurélio destacou que com a sua presença e a de Pe. Ueliton, estava todo o clero diocesano, bem como os diáconos permanentes, e que ele também trazia a solidariedade, a oração e a súplica de bênção, de todos os irmãos bispos do Leste II, das dioceses do estado de Minas Gerais e Espírito Santo: “estamos todos juntos, num só coração, dispostos a manifestar nossa fé no Senhor e nossa esperança na sua presença misericordiosa e providente para dar força a todos”, frisou o bispo.
Ao iniciar sua homilia, Dom Marco recordou que “se Deus é por nós, quem será contra nós?”, e continuou: “com essas palavras de São Paulo é que nós queremos iluminar essa dura realidade pela qual passa esta comunidade. A trágica realidade de um desastre natural que ocasionou perdas de vidas humanas e de bens materiais”. Com muita empatia, nosso bispo falou sobre os sentimentos de medo e insegurança que temos antes à estas experiências difíceis, e que somados a eles, nos vem à mente diversos questionamentos como: Por que isso? Será que Deus se esqueceu de nós? Mas a resposta, para quem tem fé, está na Palavra de Deus: “Se Deus é por nós, quem será contra nós?”.
Jesus não nos ofereceu uma explicação para o sofrimento, mas Jesus se aproximou de nós, Se fez carne e com essa presença Jesus revelou o rosto da misericórdia de Deus. Ele revelou-nos o amor de Seu Pai por nós, e que por isso, Ele não nos castiga, disse Dom Marco.
O bispo destacou ainda que nossas tragédias e dramas não são expressão de uma condenação divina: “Se alguém crê nisso, não acredita no Pai de Nosso Senhor. Não foi esse o Deus que Jesus revelou a nós, como sendo o Seu Pai e o Pai Nosso. Por isso, sem dar explicação Jesus sofreu e morreu na cruz para nos salvar dos nossos erros, dos nossos pecados. Também para nos salvar para a falta de sentido para a nossa vida, inclusive e especialmente para os nossos dramas. Dessa forma, Jesus encontrou como meio de aproximação se solidarizar radicalmente ao nosso sofrimento, sofrendo conosco e por nós. O sofrimento a partir da cruz do Cristo deixa de ser só caminho de morte, a cruz deixa de ser condenação, mas o sofrimento em Jesus se tornou oportunidade de nos humanizarmos, de amadurecermos como pessoas, como filhos de Deus”.
Na reflexão, Dom Marco se solidarizou com aqueles que perderam entes queridos, casas, móveis e eletrodomésticos, roupas, e convidou a todos a repetir que “se Deus é por nós, quem será contra nós?”. É com essa convicção que vamos encher nosso coração de esperança, afirmou.
Ao comentar o Evangelho, o bispo disse que nossa fé precisa ser inspirada na experiência do Tabor e da transfiguração de Jesus, que ela tem que ter uma direção ascendente, que é a busca da presença de Deus na nossa vida. Seja qual for o momento, precisamos fazer a experiência do Tabor, de estar ao lado de Jesus e contemplá-Lo. Contudo, “nossa fé não pode ser só isso, se não ela seria uma alienação, uma fuga da realidade, nossa fé tem que ter uma direção descendente, a gente precisa descer o morro para seguir Jesus até à cruz, mas também à Sua ressurreição”, finalizou.
Ao final da celebração, o pároco local, Pe. Wilner Pierre, CICM, manifestou sua gratidão a Deus por todos e pela presença de Dom Marco Aurélio e do Pe. Ueliton, que manifestaram sua solidariedade em nome da Diocese, e na oportunidade convidou a todos a rezarem uns pelos outros.
Por sua vez, Pe. Ueliton Neves, Vigário Episcopal da Região Pastoral 1, reforçou a preocupação da Diocese para com cada família, e garantiu que todos os padres têm rezado por aqueles que estão sofrendo com o acontecido.
Texto: Nádia Duarte (Agência Parábola)
Foto: Rayane Cristina Dionisio