A Missa pro populo e os frutos de santificação do povo cristão

“A Eucaristia é ‘fonte e ápice de toda a vida cristã’. Os demais sacramentos, assim como todos os ministérios eclesiásticos e tarefas apostólicas, se ligam à sagrada Eucaristia e a ela se ordenam, pois, a santíssima Eucaristia contém todo o bem espiritual da Igreja, a saber, o próprio Cristo, nossa Páscoa” (Catecismo da Igreja Católica n.1324).

No dia 19 de maio de 2022 publiquei o Decreto sobre a Missa pro populo, que tem como objetivo fazer cumprir a legislação canônica que atribui ao Bispo diocesano (cân.388), aos párocos (cân.534) e aos administradores paroquiais (cân.540) a responsabilidade de aplicar Missa pelo povo que lhe é confiado. Conforme o ensinamento do Catecismo da Igreja Católica (n.1234) todos os ministérios eclesiásticos bem como as tarefas apostólicas estão interligadas ao sacramento da Eucaristia, fonte e ápice da vida cristã. Por isso, dentre as inúmeras atividades pastorais missionárias realizadas pelos sacerdotes, a Eucaristia é o ponto culminante de todos os trabalhos que são desempenhados.

A Missa pro populo é manifestação concreta do múnus de santificar, que deve ser exercido por todos aqueles que desempenham o ofício de cura de almas. Podemos dizer que a Missa pro populo tem um caráter de universalidade e expressão de comunhão eclesial, visto que o Bispo diocesano e aqueles que são párocos ou administradores paroquiais, rezam como intenção especial em favor de todo o povo que lhes é confiado. Nessa missa não são admitidas outras intenções particulares, porque a única intenção apresentada pelo sacerdote é em favor de todas “ovelhas” que estão sob o cuidado pastoral dele.

É consolador ouvirmos do povo de Deus a seguinte afirmação: “Padre, eu rezo na sua intenção!”; também é consolador para o povo saber que recebe de seu pastor orações. Todo sacerdote, como servidor da comunidade eclesial, tem o compromisso de rezar pelo povo de Deus.

De acordo com o Rito de Ordenação no momento do propósito do eleito, o Bispo questiona àquele que será ordenado: “Quereis celebrar com devoção e fidelidade os mistérios de Cristo, sobretudo o sacrifício eucarístico para louvor de Deus e santificação do povo cristão, segundo a tradição da Igreja? ” (Pontifical Romano, p.109) – essa mesma promessa é renovada a cada ano na missa do Crisma, comumente chamada por nós de Missa da Unidade, e pelos párocos ao tomarem posse da paróquia. Como vemos, o compromisso de rezar pelo povo cristão, em especial por aqueles que temos a responsabilidade pastoral, é um dever inerente ao ministério sacerdotal assumido no dia da ordenação.

A Missa pro populo é um gesto de nossa solicitude pastoral. Peço a Deus que, as graças espirituais que vamos colher ao reafirmarmos a prática antiquíssima da Missa pro populo, possa gerar frutos de santificação de todo o povo cristão.

Itabira, 30 de junho de 2022

Dom Marco Aurélio Gubiotti
Bispo Diocesano