5ª Romaria das Águas e da Terra da Bacia do Rio Doce

Comunidades de fé peregrinam em defesa da Casa Comum e da regeneração da Bacia do Rio Doce, no dia 04 de setembro, em Conceição do Mato Dentro, Diocese de Guanhães.

As comunidades de fé da Bacia do Rio Doce se preparam para peregrinar rumo ao Santuário do Senhor Bom Jesus de Matosinhos, em Conceição do Mato Dentro. No dia 04 de setembro, a Diocese de Guanhães recebe a 5ª Romaria das Águas e da Terra da Bacia do Rio Doce com romeiras e romeiros vindos das paróquias da diocese e de toda a Província Eclesiástica de Mariana, composta pelas Dioceses de Caratinga, Gov. Valadares, Itabira e Cel. Fabriciano e pela Arquidiocese de Mariana.

Com o tema “Bacia do Rio Doce, nossa Casa Comum” e o lema “Aos pés do Bom Jesus, cuidar da Mãe Terra, das Águas e da Vida”, a romaria é organizada pela Província Eclesiástica de Mariana e pela Diocese de Guanhães. Romeiras e romeiros irão caminhar juntos em defesa da Casa Comum e da regeneração da Bacia do Rio Doce, se colocando a serviço da Ecologia Integral e da construção da sociedade do Bem Viver.

Dom Otacílio Ferreira Lacerda, bispo da Diocese de Guanhães e referencial da Comissão para Ação Social Transformadora da CNBB Leste 2, convoca as paróquias a se mobilizar para participar e receber os romeiros: “Meu convite para que todos se mobilizem em plena sintonia e comunhão com nosso querido papa Francisco, sobretudo se considerarmos a carta Encíclica Fratelli Tutti sobre a fraternidade e a amizade social”.

Em comunhão com o papa Francisco, o bispo destaca o clamor da romaria pelo cuidado com a vida humana e do planeta: “A Romaria é um grito profético em favor da vida, da existência humana e do nosso planeta, pois tudo está interligado. Precisamos cuidar com muito amor, com muito carinho da criação que Deus nos confiou”.

Em defesa da Casa Comum

Esse ano, a Romaria da Bacia do Rio Doce é realizada em uma região onde é crescente a atividade minerária e prevalece a monocultura do eucalipto, causando a extinção e a degradação de inúmeras nascentes, a devastação de matas e a violação de direitos das comunidades. A agente da Cáritas Diocesana de Itabira e Cel. Fabriciano e da comissão organizadora da Romaria, Lucimere Leão, explica que a Igreja quer ser uma voz profética. “Queremos fazer ecoar uma forte denúncia do descaso para com a vida e a dignidade do ser humano, bem como à fauna e à flora, o desrespeito aos direitos dos atingidos e os graves danos causados ao meio ambiente.

Segundo Lucimere, a Romaria busca levar solidariedade a todas as vítimas dos crimes socioambientais provocados pelas empresas mineradoras, além de propor a reorganização da vida em sociedade para além do modelo extrativista, materialista, individualista e consumista: “Somos desafiados a assumir uma responsabilidade crítica e propositiva sobre as atividades mineradoras em nossa região e em nosso planeta. Conscientes de que somos herdeiros das promessas divinas e de que o Senhor Deus é nossa força”.

Salve a caminhada

A Romaria das Águas e da Terra da Bacia do Rio Doce surgiu após o rompimento da barragem de rejeitos da mineração da empresa Samarco (Vale BHP), em 2015, em Mariana. A sua primeira edição aconteceu em junho de 2016, no município de Resplendor, e a cada ano é realizada em um local diferente da Província Eclesiástica de Mariana.

Esse ano, em sua quinta edição, a romaria rompe as fronteiras da Província Eclesiástica e acontece em uma região onde se encontram as bacias do Rio Doce, São Francisco e Jequitinhonha, bem como dos biomas da Mata Atlântica e do Cerrado. A peregrinação tem início com a acolhida dos romeiros, a partir de 6h30, no Ginásio São Francisco, onde acontece a abertura da romaria, às 8h. Os romeiros seguem em caminhada pelas ruas de Conceição do Mato Dentro até o Santuário do Senhor Bom Jesus de Matosinhos, onde haverá a Santa Missa presidida por Dom Otacílio Ferreira, às 11h. O encerramento está previsto para às 13h com um almoço partilhado.

Fotos e mais informações: https://bit.ly/3Tx35ri