O mês de agosto é especial para a Igreja, pois recordamos e rezamos por todas as vocações. Para cada um a vocação ao amor adquire uma forma concreta na vida quotidiana, através de uma série de escolhas que estruturam a condição de vida (matrimônio, ministério ordenado, vida consagrada, etc.), a profissão, as modalidades de compromisso social e político, o estilo de vida, a gestão do tempo etc. Assumidas ou incorridas, conscientes ou inconscientes, trata-se de escolhas das quais ninguém se pode eximir. A finalidade do discernimento vocacional consiste em descobrir como as transformar, à luz da fé, em passos rumo à plenitude da alegria à qual todos nós somos chamados.
As vocações são um chamado para viver em comunhão de amor. Toda a vocação é um anúncio, um testemunho. O Evangelho é proclamado, antes de mais, pelo testemunho. O cristão, no seio da comunidade humana em que vive, é convidado a manifestar a sua capacidade de compreensão e de acolhimento, a sua comunhão de vida e de destino com os necessitados, a sua solidariedade e esforço para tudo o que é nobre e bom. Assim, eles irradiam, de um modo simples e espontâneo, a sua fé em valores que estão para além dos valores correntes, e a sua esperança em transformar as realidades em vida do Reino. (cf. Paulo VI, EN, 21).
Leigos e leigas, o matrimônio, a vida consagrada, os ministérios ordenados, todas as vocações, são chamados para dar testemunho. O testemunho de que fomos criados pelo Amor, por amor e com amor, e somos feitos para amar. Nesse sentido todas as vocações evangelizam. Evangelizam, pois testemunham a beleza do amor que o Evangelho proclama. Evangelizam e são caminho de santidade. Santidade que evangeliza!
Jesus continua chamando pessoas para fazer parte do seu projeto divino nos tempos de hoje, como fez outrora com seus discípulos. Toda vocação é dom e graça. Dom de Deus, que chama mulheres, homens, jovens para seguirem Jesus. Graça por ser um chamado gratuito para permanecer com Jesus e, com Ele, sair para anunciar o Reino e compartilhar dons e talentos, recebidos gratuitamente do Pai, pelo Espírito.
É impossível servir com alegria sem uma intimidade profunda com o Mestre Jesus, é necessário “permanecer com Jesus”. Este é sempre o primeiro convite que o Senhor faz a cada pessoa. Nos Evangelhos percebemos como as pessoas humildes e de bem corriam ao seu encontro, rodeavam-no constantemente. O chamado de Jesus para segui-lo é um chamado pessoal. Um convite que consiste em deixar-nos conquistar por ele, enamorar-nos de Jesus, identificar-nos com seu projeto de amor ao ponto de podermos ter ‘os mesmos sentimentos dele’ em relação ao Pai e ao Reino. Para isso, Jesus chama, congrega e escolhe mulheres, homens, pessoas simples do povo, que desejam ‘permanecer com ele’ e aprender dele o seu jeito de ser e de amar. Permanecer com Jesus é uma das dimensões importantes e profundas da vocação.
E a consequência óbvia deste processo de discipulado, de estar com o Mestre, leva o cristão a anunciá-lo a todos. É impossível para um coração apaixonado não se manifestar ardentemente. E assim nossos pés se põem a caminho. É para o serviço e para o amor que somos chamados, consagrados e enviados em missão. Tal serviço se traduz de diversas formas, abrindo um panorama rico em diversidades de dons e ministérios… cada um de nós, em qualquer circunstância se sente enviado por Cristo e sustentado pela oração, comunhão e mediação da Igreja. Por isso, caminhar para a comunidade e para a missão significa seguir radicalmente o exemplo de Cristo, ponto de partida e de chegada de toda vocação.
Que Nossa Senhora Aparecida, Mãe das Vocações, nos ajude a viver o projeto de Jesus Cristo e interceda junto a Deus por nossas vidas, vocação e missão.
Um frutuoso Mês Vocacional para todos nós!
Dom Marco Aurélio Gubiotti
Bispo Diocesano de Itabira – Coronel Fabriciano
“Pela Graça de Deus” (1Cor 15,10)